O Filme da Minha Vida – “Clube dos Poetas Mortos”, por Ana Arruda
O filme inicia-se no ambiente formal e sombrio da Welton Academy. Meninos entre os 6 e os 17 anos despedem-se dos pais, que os “abandonam” no dito melhor colégio de ensino secundário dos Estados Unidos, como apregoa o director, pois cerca de 90 % dos alunos saem directamente para as melhores universidades.
Neste colégio dá-se primazia aos resultados, descurando-se a forma como se ensinam as crianças e os adolescentes a tornarem-se independentes e capazes de enfrentarem o mundo real. Venera-se a quantidade em desprimor da qualidade (onde é que eu já vi isto? – é um tema bem actual…)
O Clube dos Poetas Mortos ou, como carinhosamente o trato, DPS (Dead Poets Society), é uma obra prima de Peter Weir que tento, sempre que possível, trabalhar com os meus alunos em sala de aula, quer quando lecciono Inglês, quer quando tenho a sorte de ter um horário de Português.
O filme aborda temas relacionados com a poesia, ou melhor, o amor pela arte poética por parte de Mr. Keating e a sua crítica às interpretações “quadradas”, maniqueístas e inflexíveis dos críticos literários da época; ilustra o ensino nos anos 50 e a rigidez e rectidão das regras impostas, desde tenra idade, aos alunos e a consequente rebeldia em rompê-las, inerente aos adolescentes; demonstra-nos a relação pais-filhos, onde o autoritarismo cego de um pai infanticida, atrofia as escolhas do seu talentoso filho, Neil Perry; como não podia faltar, surge também o amor puro, sincero e romântico presente na personagem de Knox Overstreet pela encantadora Christine; apresenta-nos ainda a timidez de Todd Anderson que é combatida, corajosamente, na célebre última cena do filme (Sim… aquela que nos arranca sempre uma lagrimazita ao canto do olho):
“Oh, Captain, my Captain”.
Destaco ainda uma das minhas cenas favoritas: Todd está sentado junto às ameias do palacete onde o colégio está inserido com um conjunto de secretária junto dele. Neil chega para saber o que se passa e fica a saber que o amigo faz anos nesse dia e está triste porque os pais lhe ofereceram a mesma prenda que haviam oferecido no aniversário passado. Para animar o companheiro de quarto, Neil convence-o a lançar o presente pelo ar e diz:”Não te preocupes. Para o ano recebes outro.”. Esta cena é toda ela ilustrativa do desinteresse dos pais por este filho, que, segundo eles, deverá seguir as pegadas do irmão mais velho, que era um “génio”.
Enfim, é dos filmes mais completos que já vi. Os valores transmitidos, o sentido de humor, a mensagem do Carpe Diem, a camaradagem e a traição de Cameron, a poesia sempre presente como forma natural de descrever o mundo que nos rodeia e o nosso íntimo são os ingredientes que fazem parte desde soberbo filme dos anos 90.
Prof.ª Ana Costa Arruda
Fonte:
http://bibliblogue.wordpress.com/2009/02/11/o-filme-da-minha-vida-clube-dos-poetas-mortos-por-ana-arruda/
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